A Agência Espanhola de Medicamentos e Produtos de Saúde (AEMPS) anunciou a retirada de um lote do protetor estomacal Omeprazol Altan. A notícia se espalhou amplamente na mídia desde que o princípio ativo desse medicamento relativamente popular foi retirado, apesar do alerta não afetar a versão diária do tratamento. Ou seja, não é preciso correr para os armários de remédios, não se trata dos comprimidos que guardamos em casa.
Uso hospitalar.
O medicamento retirado não é a versão desse composto que estamos acostumados, os comprimidos. O medicamento retirado é comercializado como um pó para perfusão na veia e é administrado por pessoal médico.
Diante dessa circunstância, a retirada do medicamento está voltada para o pessoal de saúde responsável pela gestão da cadeia de distribuição farmacêutica dos centros de saúde, ou seja, não se trata de um alerta direcionado aos consumidores, por isso é marcante o grande eco que causou a retirada na mídia.
impurezas desconhecidas.
O lote retirado corresponde a um formato para uso hospitalar, Omeprazol Altan 40 miligramas pó para solução para infusão, portanto sua circulação é limitada. A agência ordenou a retirada do mercado de todas as unidades distribuídas do lote afetado, lote 22C0169 com prazo de validade de 31/03/2023.
Retirada preventiva.
De acordo com o alerta divulgado ontem pela AEMPS, o motivo da retirada é a “Possibilidade de obtenção de resultado fora das especificações no teste de impurezas desconhecidas antes do final da vida útil do referido lote”.
Além disso, não surgiram informações sobre os efeitos potenciais dessas “impurezas” ou casos em que possam ter causado danos. A ausência de possíveis efeitos nocivos indica que se trata de uma retirada por precaução. Além disso, a mensagem da agência também não descarta a possibilidade de um falso positivo.
Os riscos decorrentes de erros na produção de medicamentos existem (como acontece no caso dos alimentos). Por esse motivo, a vigilância é uma das principais tarefas das agências de medicamentos e não termina com a aprovação de um tratamento, mas se estende até a fase de produção e além. Ou seja, não se concentra apenas na criação do produto médico, mas também na sua fabricação. Risco zero não existe em nenhum caso, mas a vigilância superzelosa é sempre preferível.
Outros saques recentes.
Esses tipos de saques não são excepcionais. Sem ir mais longe, na última semana a AEMPS ordenou a retirada de mais três lotes correspondentes a dois medicamentos diferentes. Um desses medicamentos também é para uso hospitalar, o outro é retirado pela detecção de vazamentos na embalagem de um soro.
Omeprazol, um regular em nossos armários de remédios.
O omeprazol, em sua versão em comprimido, é um medicamento muito popular, o que deixa claro que a sociedade está preocupada com possíveis problemas em sua produção. É um composto que funciona reduzindo a quantidade de ácido produzido pelo estômago. Pertence à categoria de medicamentos conhecidos como “inibidores da bomba de prótons”.
O composto é usado para tratar uma variedade de condições, como refluxo gastroesofágico, efeitos estomacais da síndrome de Zollinger-Ellison e úlceras. Também é usado (em combinação com outros medicamentos) para tratar e prevenir a recorrência de úlceras causadas por um certo tipo de bactéria (H. pylori).
Efeitos secundários.
Possíveis efeitos colaterais associados a este medicamento podem incluir constipação, gases, náusea, diarréia, vômito ou dor de cabeça. Alerta de saúde ou não, dada a gravidade ou persistência de algum dos sintomas, é aconselhável ir ao médico, bem como antes do aparecimento de qualquer sintoma grave.
Transparência e alarme.
A transparência é fundamental em um sistema de alarme, mas é preciso considerar os riscos que isso acarreta. A interpretação errônea dos avisos dirigidos às autoridades de saúde pode resultar em decisões inadequadas, como abandonar um tratamento que precisamos para combater uma doença.
Nesse caso, o fato de a notícia dizer respeito a duas versões muito diferentes do mesmo medicamento em sua administração, uma das quais é comum em nossas casas, coloca lenha na fogueira, facilitando um mal-entendido que pode acabar envolvendo certos receios nos usuários .
Imagem | Alexandre Gray