Países que já usam Ônibus 100% Autônomos — e o que o Brasil pode aprender
Países como Suécia, Escócia, China e Holanda testam ônibus totalmente autônomos. Veja os exemplos e o que o Brasil pode aprender para implementar a tecnologia.
A mobilidade urbana se aproxima de uma grande transformação com a chegada de ônibus 100% autônomos — veículos que operam sem condutor humano, utilizando tecnologias como LiDAR, câmeras e inteligência artificial. Alguns países já testam sistemas reais, em rotas abertas, com passageiros. Para o Brasil, que começa a experimentar protótipos autônomos, esses exemplos internacionais oferecem aprendizados valiosos. Neste artigo, analisamos os casos mais avançados e o que pode ser replicado por aqui.

Países que já Implantaram ou Testam Ônibus Autônomos
1. Suécia (Gothenburg)
Na Suécia, a empresa Karsan, em parceria com a ADASTEC, opera o ônibus elétrico e-ATAK em modo Level 4 (alto grau de autonomia) para transporte público na região de Gothenburg.
Esse ônibus de 8,3 metros leva cerca de 52 passageiros e utiliza sensores avançados (LiDAR, radar e câmeras) para navegar por tráfego real, com segurança.
Durante a fase inicial, há um motorista “de segurança” a bordo, mas a expectativa é que as operações se tornem totalmente autônomas conforme o projeto avança.

2. Reino Unido (Escócia, CAVForth)
Na Escócia, o projeto CAVForth (Connected Autonomous Vehicles) testou ônibus autônomos em rota de “park & ride” entre Ferrytoll e Edinburgh Park, atravessando a ponte Forth.
Os veículos usados são ônibus convencionais (Alexander Dennis Enviro200AV), modificados para operar no nível 4 de autonomia. Apesar disso, ainda havia um operador humano a bordo por questões regulatórias.
Esse é considerado um dos primeiros serviços de ônibus autônomo “em tamanho real” no transporte público europeu.

3. Finlândia (Helsinque)
Em Helsinque, dois miniônibus autônomos operam em testes entre áreas definidas da cidade, usando tecnologia da EasyMile.
Os veículos têm velocidade limitada (fase de testes) e ainda contam com motoristas de apoio em situações de emergência, mas a legislação finlandesa já permite experimentações sem a exigência de motorista permanente.

4. Holanda (Roterdã)
No parque tecnológico de Roterdã, existe o sistema ParkShuttle, operando desde 1999.
Embora não seja exatamente “ônibus urbanos padrão de 12 m”, esse shuttle autônomo liga uma estação de metrô a um parque empresarial e já funciona sem motoristas em determinados trechos.

China (Shenzhen / Apolong)
Na China, o ônibus Apolong, desenvolvido pela Baidu (plataforma Apollo) e King Long, opera em modo completamente autônomo (nível 4).
Esse micro-ônibus autônomo não tem volante, pedal de freio nem acelerador — tudo é controlado por software. Ele se movimenta entre 20 e 40 km/h, detectando pedestres e outros veículos ao redor.
Além disso, há relatos de uma linha de ônibus totalmente autônoma em Shenzhen, desenvolvida em parceria com a WeRide, operando sem motorista a bordo.

Desafios e Lições para o Brasil
Regulação é Fundamental
- No Brasil, seria necessário atualizar as normas de tráfego para permitir ônibus sem motorista em vias públicas.
Infraestrutura Tecnológica
- Os exemplos sueco e chinês usam sensores sofisticados e comunicação veicular; o Brasil precisaria investir em infraestrutura para rodovias e corredores urbanos autônomos.
Segurança e Aceitação Pública
- Ter um motorista de segurança no começo, pode facilitar a aceitação social.
- Campanhas de conscientização são necessárias, principalmente levando em consideração a chance de vandalismo e tentativa de alguns brasileiros de tirar vantagem em cima do serviço. Testes gratuitos também podem ajudar a população a entender e confiar na tecnologia.
Parcerias entre setor público e privado
- Projetos de sucesso envolveram parcerias entre empresas de mobilidade, governos locais e empresas de tecnologia (por exemplo, Karsan/Adastec na Suécia).
- No Brasil, empresas como a Lume Robotics já desenvolvem micro-ônibus autônomos locais.
- Fabricantes de ônibus nacionais (como a Marcopolo) poderiam usar esse know-how para desenvolver soluções autônomas adaptadas ao mercado brasileiro.
Custo e viabilidade econômica
- Os primeiros projetos internacionais são financiados por subsídios ou parcerias específicas; replicar no Brasil exigiria modelo de negócio sustentável para transporte público.
- No entanto, a economia com motoristas e a eficiência energética de ônibus elétricos autônomos podem tornar o investimento viável a médio/longo prazo.
O uso de ônibus 100% autônomos já não é mais ficção científica: países como Suécia, Escócia, Finlândia, Holanda e China mostram que a mobilidade autônoma para transporte público é uma realidade em expansão. Para o Brasil, os projetos internacionais servem como laboratório de ideias valiosas — mas será preciso superar obstáculos regulatórios, técnicos e sociais para que a tecnologia se torne parte do cotidiano nas cidades brasileiras, e por isso, infelizmente, essa realidade ainda pode estar um pouco longe de se concretizar.

