O Brasil vai deixar de ser competitivo em inúmeras frentes de manufaturas ou insumos e produtos

diz Bruno Corano sobre reciprocidade dos EUA

O Brasil vai deixar de ser competitivo em inúmeras frentes de manufaturas ou insumos e produtos
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O discurso do Trump, embora longo, não trouxe novidade em nenhuma perspectiva, nem em questões geopolíticas internacionais, nem em relação às questões comerciais tributárias.

O que Trump comentou é exatamente o mesmo discurso que já vem apresentando nos últimos meses. Como é sabido, o presidente fala em aplicar reciprocidade com países que taxam os produtos americanos. E isso não é uma exclusividade do Brasil. A imensa maior parte dos países taxa produtos americanos para serem importados para esses determinados destinos.

Ou seja, os produtos que os Estados Unidos exportam são taxados para entrar nesses países. Trump entende que isso é injusto e que precisa existir reciprocidade. Em qualquer um dos cenários dessa briga tarifária, o Brasil está fragilizado e vai sair perdendo.

Uma alternativa seria ‘Estados Unidos não me cobre impostos ou mantenha na média de 2%, que eu também abaixo para 2%’. O Brasil não consegue porque é um país pobre e quebrado e precisa desse dinheiro, dessa tributação. Se os Estados Unidos igualarem usando então o modelo da reciprocidade, as exportações brasileiras vão cair, certamente.

O país vai deixar de ser competitivo em inúmeras frentes de manufaturas ou insumos e produtos. Se os Estados Unidos nivelarem nos mesmos 25%, ou seja, não se usando a reciprocidade exata, mas se os Estados Unidos usarem o racional dos 25% que ele está usando com o Canadá e México, as exportações do Brasil vão cair ainda mais, ou seja, em nenhum cenário o Brasil está bem posicionado.

Entretanto, ainda não se sabe exatamente qual vai ser a proposta. Esse tema está em análise pelo departamento de comércio para analisar se isso seria aplicado de forma genérica para todos os países, ou no caso do Brasil, se seriam para todos os produtos ou só alguns produtos.

A análise, portanto, ainda está sendo feita, mas já se pode esperar que a instituição dessas taxas pode vir a qualquer instante. Isso vai incomodar os mercados, vai trazer mais instabilidade e vai exigir que o governo brasileiro entre imediatamente em negociação com o governo americano, para tentar minimizar os danos e o estrago.

Além de ser ruim para o Brasil, também vai ser ruim para os Estados Unidos, porque quem vai pagar esse aumento tarifário é o próprio consumidor americano. Então é uma troca, é transferir a ineficiência do governo, no sentido de que ele gasta muito cada pouco, para o bolso do consumidor americano.