Em meados do século 20, os astrônomos perceberam uma estranheza no ambiente do universo conhecido como Plano Supergaláctico, uma imensa região do nosso cosmos onde está localizada a nossa própria galáxia: a ausência de galáxias semelhantes à nossa.
Procurando galáxias como a nossa. Agora, uma equipa internacional de investigadores encontrou uma possível explicação para esta falta de galáxias como a nossa no nosso ambiente imediato. Os responsáveis por esse fenômeno seriam as colisões entre galáxias.
Espirais vs. elipses. Nossa galáxia é uma galáxia espiral. Este tipo de galáxia caracteriza-se por ter formato de disco, com núcleo galáctico marcado e braços que se estendem em espiral entre o centro galáctico e a periferia do disco.
A falta destas galáxias contrasta com a relativa frequência com que podem ser encontradas galáxias elípticas, galáxias semelhantes à nossa, com formato elíptico mas sem estrutura interna marcada.
Plano Supergaláctico. Localizar a nossa galáxia na imensidão do universo conhecido é uma tarefa complexa. Nossa galáxia está localizada em um grupo de galáxias chamado aglomerado Local, localizado em uma região com certa densidade de galáxias chamada superaglomerado de Virgem, por sua vez localizado no superaglomerado Laniakea. Se afastarmos ainda mais a nossa perspectiva nos depararemos com este “Plano Supergaláctico”.
Este superaglomerado estende-se por mais de 500 milhões de anos-luz (aproximadamente 160 megaparsecs). O plano supergaláctico é uma estrutura achatada (como o próprio nome sugere), que se estende por uma distância de cerca de 1.000 milhões de anos-luz com uma alta densidade de galáxias.
Neste plano faltam algumas galáxias, especificamente as galáxias mais semelhantes à nossa Via Láctea, as galáxias espirais.
13,8 bilhões de anos em uma simulação. Para compreender a dinâmica que afetou esse processo, os pesquisadores recorreram a um projeto de simulação de supercomputador chamado SIBELIUS (Simulations Beyond the Local Universe).
Esta simulação tenta reproduzir a evolução das grandes estruturas cosmológicas do universo conhecido. Entre eles, o Plano Supergaláctico. Os autores do estudo publicaram recentemente detalhes do processo seguido em um artigo na revista Astronomia da Natureza.
Falhas e mais falhas. O que a simulação mostrou aos investigadores foi a explicação mais plausível para este enigma: que a maior densidade das galáxias implicava um aumento na frequência com que colidiam.
As colisões e interações entre galáxias “desordenam” as galáxias elípticas, transformando-as em elípticas, tornando assim este segundo grupo mais proeminente onde a densidade é maior.
Um mistério entre muitos. O do plano galáctico e a ausência de galáxias como a nossa no nosso ambiente “próximo” é apenas um dos muitos enigmas que atormentam a cosmologia moderna. Porém, como explica Till Sawala, um dos autores do estudo, esse mistério foi um dos que chamou a atenção do ganhador do Prêmio Nobel Jim Peebles, que o incluiu em sua lista de anomalias cósmicas.
Este facto foi o que inspirou Sawala a investigar este mistério e o que levou a sua equipa a responder a uma questão que intrigava astrónomos de todo o mundo há décadas.
Em Xataka | A ‘teia cósmica’ escondida nos confins mais sombrios do universo, vista como nunca antes
Imagem | NASA, ESA, CSA, Rogier Windhorst (ASU), William Keel (Universidade do Alabama), Stuart Wyithe (Universidade de Melbourne), Equipe JWST PEARLS, Alyssa Pagan (STScI).