O ChatGPT acaba de completar um ano, mas parece que já está conosco há muito mais tempo. Isto pode ser devido ao enorme impacto que o chatbot de inteligência artificial (AI) causou no mundo. Antes da sua chegada, recorde-se, não existia tecnologia semelhante à disposição do público em geral, razão pela qual o seu surgimento foi considerado por algumas figuras como Bill Gates como uma revolução.
Hoje, podemos usar o principal produto da OpenAI para aprender como programar ou revisar nosso código, fazer brainstorming, criar modelos, gerar explicações de tópicos complexos com análogos da vida cotidiana e escrever documentos. As possibilidades são imensas. E claro, também há quem tenha utilizado o chatbot para elaborar uma portaria municipal que foi aprovada sem alterações.
Uma ‘experiência’ de um vereador de Porto Alegre
Este curioso episódio nos leva a Porto Alegre, Brasil, onde em outubro passado os legisladores municipais aprovaram uma portaria que consistia em impedir a cidade de cobrar dos contribuintes a substituição do hodrômetros roubados. Agora, o que ninguém sabia é que o texto não havia sido elaborado pelo seu autor, o vereador Ramiro Rosário se não for inteiramente por meio do ChatGPT, coleta AP.
A verdadeira natureza do documento foi divulgada pelo próprio Rosário esta semana. O legislador diz que se tivesse inicialmente dito que o projeto foi elaborado pelo ChatGPT, os seus pares no plenário municipal teriam recusado apreciá-lo. Pelo contrário, o projeto não só foi aprovado por unanimidade, como também foi promulgado no dia 23 de novembro, pelo que já está em vigor.
O vereador não foi explícito nas razões que o levaram a realizar esta experiência, mas disse que “seria injusto” um projeto não ser aprovado porque foi escrito por uma IA. Os interessados podem consultar detalhadamente todas as etapas do projeto de lei PLCL 010/23 no site da Câmara Municipal de Porto Alegre. Agora, tudo isso deixa algumas questões em aberto.
Não está claro se o plenário, que representa os 1,3 milhão de habitantes de Porto Alegre, tomará algum tipo de atitude após saber que uma das portarias aprovadas foi totalmente redigida pelo ChatGPT. O que acontece aqui pode abrir um precedente para a reação dos legisladores e da comunidade à contribuição da IA no setor público, algo que pode ser de grande importância.
Em meados deste ano, nos Estados Unidos, um advogado utilizou o ChatGPT para redigir um documento que incluía uma série de fatos inexistentes que a ferramenta de IA inventou. Steven Schwartz enfrentou possíveis sanções por suas ações. Embora o texto de Rosário pareça não conter erros, não sabemos se também expõe algum tipo de sanção por parte do órgão legislativo a que pertence.
Isto também nos lembra que as ferramentas de IA também podem iludir ou reproduzir preconceitos sociais, embora os gigantes da tecnologia estejam a trabalhar para melhorar a segurança e a fiabilidade dos seus modelos. Como dizemos, estamos a testemunhar em primeira mão a evolução de produtos como o ChatGPT e o seu impacto na sociedade. Qual será o próximo passo do chatbot? Com o tempo saberemos.
Imagens: Ramiro Rosário | OpenAI
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