Há meses, muitos cães nos Estados Unidos contraem uma doença respiratória que parecia não se encaixar em nenhuma outra. Geralmente dura entre quatro e seis semanas, causa bronquite leve e pode levar à pneumonia com surpreendente facilidade. Fora isso, ninguém sabe muito mais e isso, claro, é um problema.
Tanto é verdade que o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos coletou amostras de cães de mais de 14 estados e as analisou em profundidade. O problema é que ele não encontrou nada.
O que está acontecendo? Como dissemos, as equipes de monitoramento e alerta precoce da Associação Veterinária Americana estão preocupadas há meses. Casos desta misteriosa doença respiratória têm ocorrido em todos os Estados Unidos e os esforços para determinar a sua origem exacta revelaram-se infrutíferos.
Por isso, no final de Novembro (e tendo em conta que os feriados e as festividades eram um momento especialmente ideal para a propagação da doença ainda mais) deram um alerta geral. Não parece provável que a doença chegue aos humanos: mas desde o Dia de Acção de Graças até à véspera de Ano Novo, muitas pessoas deixam os seus animais em canis (ou viajam com eles para casas com outros cães) e isso pode constituir um risco epizoótico.
O alarme foi imediato e, nos primeiros dias de dezembro, o Departamento de Agricultura norte-americano anunciou que iria tomar medidas sobre o assunto.
Que fizeram? Durante estas semanas, vários laboratórios da Rede Nacional de Laboratórios de Saúde Animal e do Serviço Nacional de Veterinária recolheram amostras, sequenciaram geneticamente as amostras e, como disse, não encontraram nada.
Ou, para ser mais precioso: as análises não encontraram novos patógenos nem descobriram nenhuma causa comum que explicasse o boom de cães doentes. Através do sequenciamento, identificaram um bom punhado de doenças respiratórias infecciosas caninas que já conhecíamos, mas nada disso explica o aparecimento simultâneo de dezenas de casos em todo o país.
Eles querem dizer que não é nada? Não, é muito cedo para dizer. Segundo explicam, as equipas do Serviço de Inspeção Sanitária Animal e Vegetal continuam a trabalhar no assunto, mas para já nada está claro.
No entanto, a possibilidade existe. Como lembrou o veterinário de Ithaca (Nova York), Brian Collins, ao The Guardian, “há surtos de doenças respiratórias todos os anos e não é algo que deva necessariamente nos surpreender”. Com a pouca informação disponível, não parecia uma boa ideia “isolar desnecessariamente alguns cães de outros sem um motivo real de preocupação”. E, claro, não é uma opinião não generalizada.
E agora que? A esperar. Não restam muitas mais opções. Nos últimos anos, temos visto surtos de doenças misteriosas tornarem-se “esquisitices” estatísticas. É possível que encontremos algo semelhante. Contudo, nenhuma possibilidade deve ser descartada.
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Imagem | Jessé Schoff