Não bastassem as dores de cabeça da guerra tecnológica e comercial entre os Estados Unidos e a China, o gigante asiático começou o ano com uma das maiores crises financeiras e imobiliárias de que há registro.
O estouro da bolha imobiliária gerou uma grande crise imobiliária que provocou o colapso da Evergrande, o maior conglomerado imobiliário chinês e um dos mais endividados do mundo. Na sua liquidação em janeiro de 2024, acumulou uma dívida estimada em 330.000 milhões de dólares e na sua queda arrastou boa parte do mercado imobiliário chinês e a ruína dos seus principais investidores: os milionários chineses.
155 bilionários chineses deixarão de ser bilionários em 2023. Hurun é o equivalente asiático da lista de milionários da revista Forbes no Ocidente, avaliando as fortunas dos mais ricos de acordo com seus próprios critérios. No relatório anual de Hurun de 2024, a publicação destaca que, embora o número de milionários com mais de mil milhões de dólares tenha aumentado globalmente em 167 novos bilionários, a China perdeu 155 destas pessoas ultra-ricas em 2023.
Os Estados Unidos crescem, mas a China os supera em bilionários. Cerca de 225.077 pessoas com mais de 30 milhões de dólares vivem nos Estados Unidos, em comparação com 98.551 que vivem na China. Contudo, quando a linha de corte é elevada para mil milhões de dólares, a balança pende para a China. O gigante asiático registra um total de 814 bilionários, em comparação com os 800 que vivem nos Estados Unidos, que em 2023 adicionou mais 109 milionários do que em 2022 graças à ascensão da IA.
O setor imobiliário foi afetado, mas não é o maior problema da China. O relatório anual de Hurun destacou que 2023 foi um ano ruim para as finanças chinesas. Do Ocidente pode parecer que o maior desastre econômico teve como epicentro o setor imobiliário, que deixou 32.000 milhões de dólares em 2023. “A criação de riqueza na China sofreu mudanças profundas nos últimos anos, com uma diminuição da riqueza dos cidadãos bilionários do setor imobiliário e das energias renováveis”, afirmam os responsáveis pelo relatório.
Contudo, o maior golpe veio do setor da saúde, com perdas estimadas em 75 mil milhões de dólares. O setor industrial e transformador, que sofre uma grave crise de trabalhadores sobrequalificados, perdeu 46 mil milhões de dólares, enquanto a indústria alimentar perdeu 42 mil dólares em 2023. “A ressaca pós-COVID contribuiu para que fosse um ano difícil para o setor da saúde, com mais de 100 bilionários da saúde vendo sua riqueza diminuir”, apontam Hurun.
Os mais ricos da China em 2024. Zhong Shanshan, de 70 anos e fundador da controversa marca de água Nongfu, continua a ser o homem mais rico do país em 2024, com uma fortuna avaliada em 63 mil milhões de dólares.
Colin Huang, fundador da empresa de comércio eletrônico Pinduoduo (empresa-mãe do gigante das compras online Temu), tornou-se o empresário tecnológico mais rico da China com 53.369 milhões de dólares, protagonizando uma das subidas mais deslumbrantes do ano, aumentando seu patrimônio 71% em relação ao ano anterior. Esse aumento superou o Pony Ma da Tencent em US$ 34,655 milhões.
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