No dia 29 de agosto, para surpresa dos europeus, a Huawei apresentou o seu carro-chefe, o Huawei Mate 60 Pro. Em completo silêncio, sem revelar o processador (vamos entender o porquê mais tarde) e aparentemente sem uma estratégia além do seu país natal: Da Huawei Espanha lá não houve informações sobre este lançamento.
O que parecia um movimento discreto e com certa falta de destaque para o seu carro-chefe acabou por ser uma estratégia estudada com um objetivo claro: conquistar a China e lançar um torpedo contra os Estados Unidos.
Contornando a proibição dos EUA. Existem duas chaves para o veto da Huawei pelos Estados Unidos. A primeira é a restrição à utilização dos serviços Google, algo que coloca a gigante chinesa numa clara desvantagem competitiva face a outras empresas… quando falamos de território europeu. A Huawei entrou em colapso em Espanha, fechando as suas principais lojas e desaparecendo completamente em termos de vendas no mapa dos principais fabricantes.
Mas esta limitação é praticamente irrelevante na China. Os serviços do Google não são utilizados lá e, na verdade, os telefones vendidos lá nem os têm instalados. A Huawei continuou a atualizar e otimizar o HarmonyOS no seu país natal, garantindo que o software não seja uma desvantagem.
Superando o segundo desafio. A segunda chave para o veto tem a ver com chipsets. Atualmente os principais processos de fabricação estavam nas mãos da TSMC, mas a Huawei não podia utilizar nenhuma tecnologia associada a empresas americanas. Já há algum tempo, a empresa mantém parceria com a SMIC, maior fabricante chinesa de semicondutores.
Neste 2023 eles conseguiram bater na mesa e coletar a bola de oxigênio que mais precisavam: recuperar fichas com 5G. Graças ao SMIC e ao seu primeiro chip com processo de sete nanômetros, a Huawei tenta mais uma vez competir no topo de linha com um processador 5G fabricado em 2023.
Um Huawei Mate 60 Pro nascido pela e para a China. O Huawei Mate 60 Pro parece ser varrendo a China. Na primeira semana de lançamento, foram vendidas 800 mil unidades, um aumento significativo face ao meio milhão de unidades vendidas nas primeiras semanas do seu antecessor, o Mate 50 Pro.
As ações da Huawei dispararam 10% após o lançamento e o ponto principal deste celular vai além das vendas: o Mate 60 Pro é uma vitória contra os Estados Unidos. Não parece que conquistar o mercado europeu, onde é simplesmente inviável lutar sem os serviços Google, seja o objetivo de curto prazo da fabricante chinesa.
Segundo dados da Counterpoint Research, a Huawei está fora dos 5 maiores fabricantes da China, liderada pela OPPO, Vivo e Apple. Apesar disso, há um dado bastante curioso: a base de dispositivos estabelecida faz com que continue a ser o fabricante número um. Com esses dados nos referimos à soma de todos os aparelhos vendidos neste ano e nos anteriores: somando os aparelhos antigos, a Huawei continua sendo o primeiro fabricante na China.
Fogo cruzado, novamente. O Departamento de Comércio dos EUA declarou que está investigando a Huawei e sua nova tecnologia de semicondutores. Eles parecem não compreender que a empresa conseguiu desenvolver um novo chip 5G apesar das sanções.
Os Estados Unidos procuram travar o desenvolvimento tecnológico chinês, com sanções que foram observadas na indústria de semicondutores. A Administração Biden quer impedir que a China alcance as mais avançadas tecnologias de fabricação de circuitos, impedindo-a assim de desenvolver as suas capacidades militares.
A situação continua desfavorável. A Huawei conseguiu lançar um pequeno míssil contra os Estados Unidos. Ela provou ser capaz de desenvolver seus próprios chips 5G e está começando a aumentar as vendas silenciosamente. Apesar disso, é uma tarefa árdua subir posições num top 5 em que caíram e onde a Honor (é o quarto fabricante na China atualmente) assumiu no seu país natal.
A litografia do SMIC é de sete nanômetros, em 2023 começarão a surgir processadores de 3 nanômetros. Apesar disso, a empresa está disposta a sair do ostracismo e esta grande aliança com a SMIC parece apenas o primeiro passo.
Imagem | xataka
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