O Google sempre deu a impressão de estar no meio do caminho com os Pixels. Pelo menos no domínio das vendas: o seu marketing e distribuição nunca foram tão avassaladores como os dos seus concorrentes, talvez precisamente porque os seus concorrentes (exceto a Apple) eram parceiros estratégicos. A quota de mercado e as vendas nunca foram, portanto, extraordinárias nestes smartphones, mas tenha cuidado, porque esses dados estão a mudar.
Na terra do sol nascente, o iPhone é rei. O Japão tem sido tradicionalmente reservado ao iPhone. Lá, os celulares da Apple foram extremamente bem-sucedidos, apesar de os preços desses terminais serem geralmente mais elevados do que os de outros rivais. Em maio de 2018, por exemplo, um em cada quatro telemóveis no Japão era um iPhone 7 (e os cinco primeiros lugares no ranking de quota de vendas foram para outros modelos da Apple).
Google dá a surpresa. No entanto, dados da Counterpoint Research publicados na Bloomberg indicam que houve recentemente uma mudança de tendência. Os Pixels do Google alcançaram ali uma participação de mercado recorde no trimestre encerrado em junho: 12%, seis vezes mais que os 2% que tinham no mesmo período do ano anterior.
Enquanto isso, o iPhone cai. O sucesso das vendas do Pixel no Japão coincide com a queda da participação de mercado da Apple, que passou de 58% no segundo trimestre de 2022 para 46% um ano depois. É a primeira vez que a participação de mercado do iPhone cai abaixo de 50% no Japão nos últimos dois anos.
O iene não ajuda. Uma das causas pode ter vindo do iene fraco, que caiu de valor e forçou a Apple a aumentar os preços no Japão. Segundo os analistas, o aumento de preços não foi compensado por uma melhoria substancial no desempenho. Tom Kang, da Counterpoint, observou que “os usuários japoneses se tornaram mais pragmáticos”.
Ou sim, depende. Mas enquanto o iPhone ficou caro para os japoneses, o Pixel ficou especialmente barato para quem viaja para lá. De acordo com o próprio Kang, “o Japão está se tornando o centro de distribuição dos dispositivos Google Pixel, então o iPhone está sofrendo com um iene fraco e o Google está se beneficiando disso”.
Os Pixel 6a e 7a vencem e convencem. Anshel Sag, analista da Moor Insights & Strategy, acrescentou que “parece que a maioria desses dispositivos [vendidos] são os modelos acessíveis Pixel 6a e Pixel 7a, o que significaria que o Google conseguiu capturar a faixa intermediária do mercado japonês de smartphones.” O preço parece ter sido o fator determinante, e resta saber se a tendência continua agora que a Apple acaba de apresentar o iPhone 15.
Nos EUA todo mundo cai… menos o Pixel. Os dados do Japão juntam-se a outra surpresa nos Estados Unidos. Segundo a Canalys, as vendas no segundo trimestre de 2023 caíram 22%, tornando este período o pior da década. A Apple cai 20%, a Samsung 27%, a Motorola 25% e a TCL 30%, mas enquanto esses desastres ocorrem, o Google cresceu 59% no mesmo período.
O Google veio de muito baixo. Os dados surpreendem embora, é preciso dizer, sejam marcados pelo facto de as vendas (0,8 milhões de unidades) e a quota (2%) do Pixel no mesmo período do ano anterior terem sido nada notáveis. Mais uma vez, resta saber se o Google é capaz de continuar a crescer, algo que poderá ser ajudado pelos iminentes Pixel 8 e Pixel 8 Pro que serão anunciados na próxima semana.
Imagem | Markus Kniebes
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