As redes sociais podem não estar no seu melhor momento de popularidade, mas continuam cumprindo sua função: conectar pessoas. As redes sociais têm sido, portanto, protagonistas de um acontecimento astronómico nunca antes detectado pelos telescópios do nosso planeta: a colisão de dois exoplanetas.
1.800 anos-luz de distância. Uma equipa de astrónomos conseguiu detectar, pela primeira vez e por acaso, a colisão de dois exoplanetas. Os planetas orbitavam uma estrela (denominada ASASSN-21qj) localizada em nossa galáxia, a 1.800 anos-luz de nós.
Uma coincidência cósmica. O acidente poderia muito bem ter passado despercebido se não fosse uma coincidência: um astrônomo amador estava observando o sistema e percebeu que algo estranho estava acontecendo.
Especificamente, o brilho que a estrela emitiu intensificou-se na faixa infravermelha do espectro, apenas para, quase três anos depois, diminuir no espectro visível. O astrônomo amador comentou essa curiosidade em suas redes sociais em um publicar o que chamou a atenção de outros astrônomos que reuniram um grupo para investigar a circunstância.
“Um astrônomo notou nas redes sociais que a estrela havia iluminado no infravermelho por mais de 1.000 dias antes de desaparecer opticamente. Eu sabia então que este era um evento incomum”, disse Matthew Kenworthy, membro desta equipe, em comunicado à imprensa.
Gigantes de gelo. Agora, esta equipa publicou os detalhes do seguimento deste evento único em que explicam a sua origem: a colisão entre dois exoplanetas. De acordo com os modelos utilizados, os planetas que colidiram eram dois gigantes gelados.
Segundo a equipe responsável pela descoberta, o pico de brilho infravermelho teria sido causado por uma sinnésia, massa de rocha incandescente resultante da violência da colisão entre os dois planetas. Este objeto poderia ter uma massa semelhante à de Netuno e girar sobre si mesmo em alta velocidade.
Os astrónomos acreditam que ASASSN-21qj é uma estrela relativamente jovem, com cerca de 300 milhões de anos. Seu escurecimento no espectro visível corresponderia à passagem dos detritos liberados pela colisão, eclipsando esta estrela.
Um novo planeta. Os astrônomos acreditam que durante os três anos após a sua formação, a temperatura deste objeto ficaria em torno de 700º Celsius e depois esfriaria. O resultado final seria um novo planeta, fruto desta colisão cósmica.
Detalhes do trabalho foram publicados em artigo na revista Natureza.
Um olho ainda no sistema. A equipa de astrónomos garantiu ainda que continuará a prestar atenção à evolução deste sistema. A equipe acredita que nos próximos anos telescópios como o James Webb serão capazes de observar como a nuvem de poeira e rochas criada após a colisão se dissipa.
Segundo , outro dos coautores do estudo, observar o desenvolvimento dos acontecimentos será fascinante. “Em última análise, a massa de materiais em torno do remanescente poderá condensar-se para formar um comboio de luas que orbitará este novo planeta.”
Tudo isto nos permitirá compreender melhor o processo de formação planetária, podendo até ajudar-nos a compreender como se formou o nosso próprio sistema solar e como os diferentes planetas, satélites e asteróides que o compõem atingiram as suas respectivas órbitas.
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Imagem | Marcos Alho
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