A Coreia do Norte é um dos países mais pobres e fechados do mundo. Muitos especialistas concordam que o território governado por Kim Jong Un está atolado em uma crise alimentar. Apesar desta realidade chocante, o regime possui o quarto maior exército em termos de pessoal activo, atrás apenas da China, da Índia e dos Estados Unidos. E, se isso não bastasse, possui armas nucleares.
Uma questão recorrente sobre a Coreia do Norte é como financia os seus projectos militares num contexto de sanções internacionais cada vez mais severas. O secretismo do país certamente dificulta a tarefa de formular respostas a esta questão. No entanto, uma investigação dos Estados Unidos, relatada num artigo da Associated Press, parece lançar alguma luz sobre o assunto.
Empresas americanas, trabalho remoto, talento de TI e engano
O FBI e o Departamento de Justiça anunciaram esta quinta-feira que a Coreia do Norte desenvolveu durante anos um plano complexo baseado no engano para obter fundos de Empresas americanas para financiar o seu programa de mísseis balísticos. A chave para esta atividade tem sido o trabalho remoto. Vejamos como o regime tem utilizado esta modalidade para obter milhões de dólares.
Segundo as autoridades, os cidadãos norte-coreanos usaram identidades falsas para se candidatarem a empregos relacionados com o sector da tecnologia da informação (TI). Uma vez dentro das empresas americanas, estas pessoas começaram a enviar parte dos seus salários para a Coreia do Norte para cobrir os custos das ambições militares do país.
O FBI afirma ter provas de que alguns deles, além de trabalharem para seus empregadores, se infiltraram em redes de computadores e informações confidenciais foram roubadas. Em algumas ocasiões, também coletaram elementos para montar futuros esquemas de extorsão para obter outros tipos de benefícios. Tudo isso dado o desconhecimento das empresas que pensavam ter contratado talentos de TI.
Segundo documentos do Departamento de Justiça, o plano profundamente enraizado da Coreia do Norte consistia em enviar milhares de trabalhadores para a China e a Rússia para que desses países pudessem trabalhar remotamente para empresas dos Estados Unidos. Mas isso não é tudo, eles também enganaram seus empregadores fazendo-os acreditar que, embora trabalhassem remotamente, moravam nos Estados Unidos.
“Podemos dizer que há milhares de trabalhadores de TI norte-coreanos que fazem parte disto”, diz Rebecca Wu, do FBI. Este cenário fez soar o alarme para todos os cúmplices ainda infiltrados em empresas. Neste momento, a Justiça apreendeu pouco mais de 1,5 milhões de dólares, pelo que se acredita que a investigação esteja apenas a dar os primeiros passos.
As autoridades pediram às empresas que “adotem medidas proativas adicionais” ao contratar trabalhadores remotos para evitar serem vítimas do esquema fraudulento norte-coreano, que as autoridades dizem também ter se espalhado para outros países além dos Estados Unidos. Nesse sentido, recomendam que as entrevistas por videochamada se tornem um requisito elementar.
Imagens: TV norte-coreana
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