O mercado espanhol de telecomunicações está mais agitado do que nunca. O fundo britânico Zegona confirmou a compra da Vodafone Espanha, enquanto Orange e MásMóvil enfrentam a reta final para obter autorização de Bruxelas para a sua fusão.
A Telefónica, por sua vez, também quis aderir à festa e acaba de acrescentar um novo capítulo à novela da entrada do grupo saudita STC. Este movimento apanhou de surpresa o Governo que, após várias semanas de silêncio, confirmou que está a explorar a possibilidade de comprar uma participação na empresa espanhola de telecomunicações.
A informação foi comunicada pela SEPI (Sociedade Estadual de Participações Industriais) à CNMV. Se realizado, significaria o retorno do estado aos acionistas da Telefônica, após a sua saída em 1997 e a subsequente privatização total da empresa em 1999.
Telefónica é uma empresa estratégica para Espanha
Foi no início de setembro que ocorreu a bomba: o grupo saudita STC anunciou a compra de 9,9% da Telefónica por 2,1 mil milhões de euros, tornando-se assim o principal acionista da teleco Espanhol (à frente do BBVA, BlackRock e CaixaBank).
A operação foi realizada através do aquisição de ações que representavam 4,9% do capital social da Telefónica e outros instrumentos financeiros (derivativos) que representavam 5%.
Ao somar 9,9% ficou um pouco abaixo do que é conhecido como ‘escudo anti-takeover’, mas o Governo teve que autorizar a compra desses 5% devido ao carácter estratégico da Telefónica no domínio da defesa e segurança nacional. Desde então, nem a Telefónica, nem a STC, nem o Governo tomaram qualquer medida.
Na manhã de ontem, porém, o El Confidencial publicou que o Executivo estava considerando a possibilidade de irrupção do capital público na Telefónica através da SEPI (Sociedade Estadual de Participações Industriais). A ideia seria adquirir até 5% da operadora por cerca de 1 bilhão para equilibrar a entrada da STC.
Pouco depois, em conferência de imprensa, a ministra porta-voz do Governo em exercício, Isabel Rodríguez, voltou a defender o caráter estratégico da Telefónica para o país, mas não quis avaliar as informações publicadas horas antes:
“A Telefónica é uma empresa estratégica para Espanha pelo seu papel na área das telecomunicações, mas também na defesa, e não vamos comentar todas as informações que são publicadas, pela prudência que esta relevância estratégica exige”.
É a mesma posição que tinha manifestado poucos dias antes a Primeira Vice-Presidente Nadia Calviño, que descreveu a Telefónica como “a empresa mais estratégica de Espanha, não só na área das telecomunicações, mas também na defesa”.
Ainda ontem, fontes governamentais qualificaram de “especulação” a possível entrada do Executivo na participação acionária da Telefónica, mas hoje a SEPI informou à CNMC que está explorando a compra de ações na teleco:
A Empresa Estatal de Participações Industriais (“SEPI”) tem monitorizado a situação da Telefónica, SA e está a realizar uma análise exploratória interna relativamente a uma possível aquisição de participação na referida empresa.
A referida análise da SEPI não pressupõe a adoção de decisão que envolva a referida aquisição.
Se esta entrada do Executivo na participação acionária da Telefónica se concretizar, significaria o retorno do capital público a uma empresa que foi totalmente privatizada em 1999, durante o Governo Aznar. Entramos em contato com a Telefónica de Xataka, mas eles se recusaram a fazer qualquer declaração sobre o assunto.
Entretanto, durante a apresentação de resultados, a STC manifestou mais uma vez o seu interesse em entrar na Telefónica, que descreveu como “uma das maiores empresas de telecomunicações do mundo”. O CEO da empresa saudita, Olayan Alwetaid, garantiu que ‘este investimento visa reforçar a cooperação entre as duas empresas para que beneficiem de todas as oportunidades disponíveis no futuro’
No entanto, como noticiou o El Economista, tudo indica que a STC acabará por se contentar com os 4,9% das ações que já possui e vai desistir dos outros 5% para não prejudicar as relações com o Governo espanhol. A novela continua… E o próximo capítulo pode chegar no Dia do Investidor que a Telefónica celebrará no dia 8 de novembro.
Imagens | Telefone
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