A situação económica mundial, a inflação e a crise energética estão a ter um impacto impacto devastador nos bolsos de milhões de consumidores, que viram o seu poder de compra reduzido. Um dos efeitos mais directos que vemos diariamente no cabaz de compras, que se tornou extremamente caro apesar de o Governo decidiu eliminar o IVA sobre produtos alimentares básicos no ano passado para proteger as casas. Em Xataka contamos vários casos de sangramento, como o do açúcarque de azeite de oliva ou mesmo aquele com Doritos.
Hoje já temos dados na mesa sobre o quanto estamos gastando a mais com alimentação em relação a outros anos. E os números não são animadores.
Quanto? Quase 20% a mais que no ano passado. É o que sai da última análise da Associação de Usuários Financeiros (Asufin), que há mais de um ano monitoriza os preços dos produtos básicos em cinco supermercados: Alcampo, Carrefour, Dia, El Corte Inglés e Mercadona. Especificamente, salientam que em janeiro de 2023, com a redução do IVA já em vigor, o ticket médio nestas cinco cadeias era de 30,11 euros. Por outro lado, em janeiro de 2024 atingiu os 35,81 euros.
Quer dizer, estamos pagando 18,93% a mais pelos mesmos produtos básico do que no ano passado, quando os supermercados aplicaram à força a redução de impostos. E isso só significa uma coisa: a medida aprovada pelo Governo para conter a inflação e dar algum oxigénio financeiro às famílias num momento difícil não serviu muito. O aumento dos preços tem sido demasiado imparável.
Quais supermercados subiram mais? Nem todas as redes se comportaram da mesma forma nos aumentos progressivos dos preços dos produtos. Segundo dados da Asufin, quem mais aumentou os preços em relação a janeiro de 2023 é Alcampo, 31,86%. Depois, o El Corte Inglés, com uma subida de 21,68%. Terceiro dia. Este supermercado teve um aumento de 14,87%. Carrefour um pouco menos: 14,59%. E Mercadona está na fila. A empresa de Juan Roig foi quem tornou o preço médio dos alimentos básicos mais barato: 13,98%.
Porque? Os autores do estudo destacam que após a medida as redes de supermercados passaram a “se movimentar no ritmo do mercado e de suas margens de lucro” e explicam que Os maiores aumentos ocorrem em produtos difíceis de substituir, como alimentos frescos. Que os distribuidores puniram os consumidores precisamente onde mais dói: “nos produtos básicos”.
Porém, conforme apontado pelo diretor geral da NielsenIQSegundo Patrícia Daimiel, as margens são muito baixas, em torno de 2%, e sua empresa de análise não detectou que “as empresas aproveitaram a situação para expandi-las”. Por outro lado, sublinha que existem elementos que pressionam os preços, como a seca, o conflito no Oriente Médio prejudicando o transporte e a logística no Canal de Suez, e a guerra na Ucrânia. O Governo associa-se a esta opinião, que assegura estar fazendo um monitoramento exaustivo às cadeias de distribuição e dizem não ter detectado nenhuma anomalia.
Opte pela marca branca e ofertas. Perante esta situação, uma das reações mais diretas dos consumidores tem sido a mudança nos hábitos e comportamentos de compra. Em primeiro lugar, eles compram mais marca branca. Segundo a NielsenIQ, já existem 20% dos cestos de compras compostos apenas por produtos de marca branca. Em segundo lugar, há mais controlo sobre o que é gasto. 74% dos consumidores compram menos produtos em cada visita ao supermercado por causa da inflação. E em terceiro lugar, descontos e promoções são procurados de forma mais ativa: quase um quarto de tudo o que foi vendido em 2023 nos supermercados foram produtos em promoção.
Procure barato versus qualidade. Finalmente, entre as mudanças de padrão que podemos observar derivadas deste fenómeno de subida de preços, verificamos que pela primeira vez o factor preço prevalece sobre o factor qualidade na escolha de compra, algo que não acontecia noutros anos. Ou seja, o preço é o principal motivador para a escolha de um produto ou outro e passa de 24% em 2022 para 38% este ano, em detrimento da qualidade, que passa de 42% para 29%. segundo dados do inquérito sobre hábitos de compra e consumo da MPAC.
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