As tecnologias de realidade virtual estão avançando para nos oferecer experiências mais confortáveis e realistas, mas os usuários destas eles não precisam de gráficos hiper-realistas viver uma imersão completa. Podemos lembrar daqueles vídeos virais de pessoas que perderam o equilíbrio ao experimentar os óculos enquanto observavam da perspectiva de um viajante em uma montanha-russa.
Sem chegar a tais pontos, utilizando essas tecnologias podemos perceber sensações que podem levar, por exemplo, a tonturas quando utilizamos essas tecnologias. Por que isso está acontecendo? O que há na realidade virtual que a torna tão capaz de enganar nossos cérebros?
Estas são questões que os cientistas se esforçam por responder porque podem ajudar-nos em dois campos muito diferentes. Primeiro, para ajudar tanto os desenvolvedores de dispositivos de realidade virtual quanto aqueles que criam o software e o conteúdo que eles nos mostram.
Em segundo lugar, porque responder a estas perguntas pode nos ajude a entender melhor nosso cérebro, a maneira como você percebe o mundo ao seu redor. O órgão mais complexo à disposição do ser humano pode ser “enganado” por uma máquina. E ainda não sabemos totalmente por quê.
Mas sabemos que o primeiro passo é “enganar” os nossos sentidos. A começar, claro, pela vista.
E aqui o truque não está nos gráficos espetaculares, mas na capacidade destes gadgets de oferecer uma sensação de tridimensionalidade aproveitando, por exemplo, a nossa visão binocular. Porém, para garantir essa sensação de imersão aos nossos olhos, o segredo é um bom acompanhamento dos nossos movimentos.
Os sistemas de realidade virtual nos permitem interagir visualmente com o ambiente, não apenas usando os olhos, mas também os movimentos do corpo. A combinação de ambientes tridimensionais com bom rastreamento de movimentos da nossa cabeça ajuda o nosso cérebro a dar credibilidade à experiência virtual.
Esses tipos de sistemas nem sempre aproveitam outro sentido fundamental, o som. No entanto, esse impulso está ao nosso alcance. Um exemplo disso é o som 6D. 6D, ou som holofônico, é um formato de áudio envolvente perfeitamente capaz de gerar a ilusão de que o som não vem da nossa esquerda ou direita, mas de qualquer direção imaginável, até mesmo de cima.
O combinação de imagem surround e som Não só nos apresenta ao mundo virtual, como também nos isola do mundo exterior, aumentando assim a sensação de realismo gerada pelo ambiente virtual.
Finalmente, esses dispositivos também tiram proveito do nosso sentido do tato. Com apenas algumas pequenas vibrações nos controles, os dispositivos de realidade virtual também podem convencer nosso cérebro de que estamos tocando algo. Porém, é possível que uma das melhores provas da capacidade da realidade virtual de nos apresentar ao seu mundo venha do fato de que nosso cérebro quase não precisa de ajuda para isso.
O “fantasma” virtual
Um estudo recente mostra a grande complexidade desta interação entre o nosso cérebro e o seu ambiente, e também o quão subvalorizado é o sentido do tato neste contexto. O estudo, publicado em setembro do ano passado na revista Relatórios Científicos observou a existência da “ilusão do toque fantasma” (PTI).
A equipe responsável pelo estudo pediu aos participantes que manipulassem objetos em realidade virtual. Quando solicitados a segurar um bastão virtual com uma mão e tocar a ponta do bastão na outra mão, muitos dos participantes Eles descreveram uma sensação tátil, pressão, cócegas ou similar. Um toque “fantasma”, totalmente virtual.
“Isso sugere que a percepção humana e a sensação corporal não se baseiam apenas na visão, mas em uma combinação complexa de muitas percepções sensoriais e na representação interna do nosso corpo”, esclareceu na época uma das autoras da obra, Marita Metzler.
A imersão virtual não é totalmente perfeita. Nosso cérebro tem outra ferramenta para perceber nosso ambiente. Está no ouvido, mas tem pouco a ver com esse sentido, mas sim com a nossa capacidade de manter o equilíbrio.
Nosso ouvido interno possui uma combinação de líquidos e partículas que fornecem informações ao nosso cérebro sobre a inclinação da nossa cabeça com base na “atração” gravitacional. Quando nosso nosso cérebro recebe informações contraditórias entre nossos sentidos e os órgãos do ouvido interno que percebem isso, ocorre tontura.
Essas tonturas podem ocorrer quando usamos óculos de realidade virtual e podem explicar por que é relativamente fácil perder o equilíbrio quando nos encontramos nas profundezas do virtual.
A realidade virtual é uma ferramenta cujas aplicações vão além do mero entretenimento. Compreender melhor como esta tecnologia interage com o nosso cérebro poderá um dia permitir-nos maximizar o seu desempenho (por exemplo, reduzindo a sensação de tonturas) e descobrir novas aplicações.
Alguns, inclusive, que podem melhorar nossa saúde e bem-estar. As experiências imersivas virtuais podem ajudar-nos a compreender melhor, por exemplo, como determinados contextos influenciam o nosso bem-estar, sem a necessidade de expor os participantes a tais situações (sejam elas positivas ou negativas).
Os óculos de realidade aumentada e virtual estão ganhando espaço e, embora ainda estejam longe de se popularizarem, sua presença começa a ser notada em alguns lugares. O ciclo de vida de uma tecnologia como esta é difícil de prever. Seja como for, a tecnologia representa uma oportunidade de ouro para nos conhecermos melhor.
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Imagem | Maxim Hopman / CoastAmusement