O nível do mar está aumentando nos mares e oceanos, mas não de maneira uniforme em todos os lugares. Embora seja um fenômeno associado às mudanças climáticas, existem outros fatores que causam certas variações. E um exemplo disso é o Golfo do México.
Combinação de fatores. Uma equipe de pesquisadores estudou o aumento excepcional do nível do mar na área do Golfo do México, significativamente maior do que o aumento médio observado em outros locais devido às alterações climáticas. De acordo com sua análise, uma combinação de fatores antropogênicos e naturais é o que levou a essa situação.
Crescimento “sem precedentes”. O aumento progressivo do nível do mar é uma das consequências mais conhecidas das alterações climáticas. Já que os mares e oceanos estão geralmente conectados para formar uma grande massa de água, seria de esperar que esse aumento fosse uniforme ao longo das diferentes costas.
No entanto, não é o caso. Tanto que esse aumento é cerca de três vezes mais rápido no Golfo do México do que no resto do mundo. Enquanto as últimas estimativas indicam uma velocidade média de aumento entre 3 e 3,5 mm por ano, no Golfo essa velocidade ultrapassa os 10 mm por ano.
“Essas mudanças rápidas são sem precedentes, pelo menos ao longo do século XX”, explicou Sönke Dangendorf, coautor do estudo, em um comunicado de imprensa.
120 anos de dados. A equipe analisou medições de campo obtidas desde 1900 e as combinou com medições de satélite. Eles examinaram fatores como deslocamento vertical da terra, perda de gelo, pressão do ar… mas não conseguiram identificar uma variável específica que explicasse essa diferença.
Giro subtropical. No entanto, conseguiram ligar essa aceleração a uma série de mudanças no giro subtropical do Atlântico Norte. Conforme explicam os autores, essa corrente oceânica estaria passando por uma expansão causada pelo aquecimento das águas e pelas mudanças nos padrões de vento.
Esse giro transporta águas quentes do Atlântico tropical para o norte no sentido horário. Quanto mais quentes são as águas transportadas da costa americana, maior é o volume que ocupam, gerando assim o diferencial nessa região.
Os detalhes do estudo foram publicados em um artigo na revista Comunicações da Natureza. Em conclusão, a equipe destacou que o efeito correspondeu a uma combinação entre fatores externos e a variabilidade climática interna da região.
Perda de pastagens. O aumento excepcional do nível do mar nessa região ajudou os especialistas a analisar o impacto desse aumento nos ecossistemas marinhos. Um exemplo disso é um estudo recente, publicado na revista Comunicações Terra e Meio Ambiente.
Esses pesquisadores estudaram as consequências nas ervas marinhas, um ecossistema marinho presente em águas rasas. Explicaram que o aumento do nível do mar resultou na redução da área disponível para a sobrevivência dessas algas.
Explicaram que, embora no Golfo esse ecossistema tenha conseguido evitar parte dessa perda de área se deslocando para altitudes mais elevadas, esse deslocamento não foi possível em outras regiões costeiras.
Em Xataka | O verdinho que morde o rabo: como o degelo vai deixar nossos verões (ainda) mais quentes
Imagem | USGS