Todo mundo sabe o que é um pinguim: um pássaro que tem cerca de um metro de altura e pesa cinco quilos. Asas que parecem barbatanas, pés palmados e uma pelagem preta e branca muito característica. Desajeitado em terra, muito rápido no mar e absolutamente inútil no ar.
Com este retrato robótico, os pinguins são inconfundíveis no mundo aviário e, precisamente por isso, há alguns séculos atrás nós os confundimos.
E agora, de fato, chamamos outra coisa de “pinguim”. Para algo completamente diferente do original. Hoje, chamamos cerca de 16 espécies de aves da ordem Sphenisciformes de pinguins. São aves marinhas que não voam e se distribuem quase exclusivamente no hemisfério sul. Porém, a palavra ‘pinguim’ surgiu muito longe daí e para se referir a outro bug.
Os pinguins originais eram 'O pinguim é caro', isto é, auks gigantes. Os razorbills são aves migratórias (pretas e brancas) que, embora não se reproduzam na nossa costa, são fáceis de observar durante o inverno. Pois bem, durante séculos, estas aves tiveram um “irmão mais velho” que respondeu, palavra por palavra, à descrição do primeiro parágrafo deste artigo.
De onde vem a palavra 'pinguim'? Embora a etimologia mais conhecida seja que 'pinguim' vem do gaélico 'pen gwyn' (cabeça branca) por causa das duas manchas brancas que os arau-gigantes tinham na cabeça, a verdade é que não temos certeza se essa é a caso. .
Como sempre, a explicação anglo-saxônica ganhou peso ao longo dos séculos, mas ao lado dela a etimologia latina (de 'pingus' – gordura – devido à gordura abundante que fornecia) e a etimologia norueguesa (de 'geirfugl' – pássaro pontiagudo) coexistem.).
O que parece claro é que os pinguins de hoje herdaram o nome dos arau-gigantes. Quando os marinheiros chegaram ao extremo sul do mundo e avistaram os 'pássaros tolos', muitos se lembraram dos pinguins do extremo norte.
Não é nada excepcional. Quando os portugueses encontraram as primeiras zebras (cuagas) na África do Sul, deram-lhes o nome de um cavalo extinto, mas típico da Península Ibérica: as enzebras. Não é razoável que, quando se deparassem com alguns pássaros pretos e brancos semelhantes aos raríssimos arau-gigantes, eles os chamassem da mesma forma?
Por que eles são parecidos? Sendo duas ordens animais radicalmente diferentes que viviam em áreas opostas do globo, a explicação é simples: os pinguins originais e os modernos eram semelhantes devido à “convergência evolutiva”. Ou seja, pela mesma razão que as baleias têm a forma de peixes e os morcegos têm a forma de pássaros: duas espécies que enfrentam ambientes semelhantes acabarão por desenvolver ‘soluções’ semelhantes.
No caso dos pinguins, a semelhança dos seus ambientes (polares, seja no norte ou no sul) é muito clara.
Como eles conseguiram o nome? No século XVI, os pinguins originais já haviam desaparecido da Europa continental, mas muitos marinheiros (especialmente os especializados em viagens polares) os tinham visto com os próprios olhos. Acredita-se que os últimos pares de arau-gigantes morreram em 1844, mas nessa data os atobás do hemisfério sul já haviam herdado o nome.
O resto da história é fácil de imaginar. Quando descobrimos que eram espécies muito diferentes, o nome já estava estabelecido (e os originais já haviam desaparecido).
Imagem | Derek Ei
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