A Synchron, empresa que desenvolve interfaces cérebro-computador (BCI) e concorrente da Neuralink, está se preparando para um teste em larga escala de sua tecnologia, conforme anunciado ontem pela agência Reuters.
Nos preparativos. A Synchron é provavelmente a empresa líder atualmente no setor de BCI e parece determinada a manter essa liderança. Ela está procurando centros médicos onde possa continuar seus ensaios clínicos e treinando seus profissionais no uso de sua tecnologia.
Thomas Oxley, CEO da empresa, explicou à Reuters alguns detalhes sobre seus planos. “Parte deste registro é começar a treinar médicos locais para conversar com pacientes com dificuldades motoras.”
A agência não conseguiu confirmar o status do pedido de autorização de um ensaio clínico para a FDA, a agência reguladora responsável pela aprovação desses ensaios. O que o executivo da Synchron destacou é que sua empresa buscou avançar em seu trabalho para evitar “gargalos” mais tarde.
Lutando contra a paralisia. BCIs são chips cerebrais que nos permitem nos conectar a dispositivos eletrônicos e interagir com eles através do cérebro. Isso nos permite interagir sem precisar usar as mãos ou periféricos tradicionais como teclados, mouses ou telas sensíveis ao toque.
Esses dispositivos são especialmente destinados a pessoas com problemas de mobilidade, como pessoas com doenças neurodegenerativas ou sobreviventes de acidentes. Através desses dispositivos, podem interagir com computadores e, mais importante, através desses computadores, podem interagir com o mundo exterior.
Liderando a corrida. Há alguns anos, a Syncron anunciou o primeiro ensaio clínico de seus implantes cerebrais. Em 2021, a empresa anunciou que seu primeiro paciente agora era capaz de usar a interface cerebral para escrever e twittar.
Desde então, a Synchron vem adicionando pacientes aos testes de seus chips. E já conta com pelo menos dez (quatro deles na Austrália, um dos dois países onde a empresa tem sede).
Embora a atenção da mídia muitas vezes se concentre na Neuralink, empresa de propriedade de Elon Musk e provavelmente principal concorrente da Synchron, é esta que parece mais avançada no desenvolvimento de sua tecnologia. A empresa não é propriedade de nenhum dos grandes magnatas da tecnologia, mas conta com alguns deles entre seus investidores, como Bill Gates e Jeff Bezos.
Mais um ensaio clínico. Os ensaios clínicos aos quais as empresas de desenvolvimento do BCI submetem seus produtos não são muito diferentes dos ensaios aos quais são submetidos os tratamentos farmacológicos.
Esses passam por diversas fases, sendo a primeira testes focados em pouquíssimos pacientes para demonstrar sua segurança. Passada essa primeira fase e comprovada a segurança do tratamento, é hora de ampliar o número de participantes e definir outra questão importante: se o tratamento é eficaz.
Os ensaios avançados também cumprem a função de segurança, permitindo aos responsáveis encontrar possíveis efeitos adversos do tratamento. Agora a Synchron, se tiver a aprovação do FDA, poderá prosseguir e testar as capacidades de seus implantes.
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Imagem | Sincronizar / CDC