Parece inacreditável, mas um clássico absoluto do cinema, Francis Ford Coppola, diretor de clássicos como a trilogia ‘O Poderoso Chefão’ e ‘Apocalypse Now’, está tendo problemas para encontrar um distribuidor para seu novo filme, ‘Megalópolis’. E não é o único: as produtoras apostam em negócios seguros e os criadores e artistas mais veteranos ficam de lado.
A última loucura. Há algumas semanas que se espalha a notícia de que ‘Megalopolis’, um gigantesco projeto de ficção científica que Coppola teve de financiar colocando à venda parte das suas vinhas, é uma verdadeira loucura. Foi dito que é “uma mistura de ‘Metropolis’ de Ayn Rand, ‘Metropolis’ de Fritz Lang e ‘Calígula’ de Tinto Brass” e que “é incrível como é louco” após a primeira exibição do filme. A consequência direta foi inevitável: o filme enfrenta dificuldades para encontrar distribuição.
Megalópole megalomaníaca. O filme, que está na cabeça de Coppola há quatro anos, é uma ambiciosa produção distópica que custou 120 milhões de dólares. Uma jogada arriscada, quando o diretor de ‘Corazonada’ já existe há mais de uma década. não direcionado. Sua última produção de certa magnitude, aliás, foi ‘Defesa Legítima’, de 1997. ‘Megalópolis’ conta a história de uma mulher que vê como os dois homens de sua vida têm destinos opostos: seu pai, um poderoso empresário, e seu amante, um arquiteto que quer refazer Nova York após um desastre apocalíptico.
Distribuição e Cannes. Na mesma semana em que várias fontes afirmavam que Coppola estava com dificuldades para encontrar distribuição, foi anunciado que o filme estaria na seção oficial de Cannes. Segundo várias fontes, é tão estranho e ambíguo que “não há como posicionar o filme”, mas alguns distribuidores propõem que Coppola ajude nesta fase final tirando mais dinheiro do bolso. Aparentemente, ninguém vê as coisas com clareza quando se trata de investir, mas haveria mais interessados se o próprio Coppola tirasse ainda mais dinheiro do bolso, algo que já fez para financiar o filme.
Autores em crise. Coppola não é o único diretor clássico de Hollywood com dificuldades para encontrar financiamento. Woody Allen falou recentemente sobre como estava reconsiderando a aposentadoria. Seu caso é especial, porque na última reta de sua carreira entram em jogo outros fatores muito complexos, como todos aqueles relacionados à cultura do cancelamento. Mas há casos de autores como Clint Eastwood, que embora já esteja a preparar aquele que possivelmente será o seu último filme, falava-se que a Warner queria romper a relação de meio século com ele porque o CEO David Zaslav não tinha gostado da decisão de financiar ‘Cry Macho’, que acabou sendo um fracasso de bilheteria.
Diretores que clicam. Porque embora houvesse quem brincasse que para fazer de ‘Megalópolis’ um sucesso bastava colocar os cartazes “Do diretor de ‘O Poderoso Chefão’ e ‘Apocalypse Now’”, a verdade é que já há algum tempo diretores consagrados tropecei repetidas vezes nas bilheterias. Scorsese teve três fracassos de bilheteria: ‘Silêncio’, ‘O Irlandês’ e ‘Assassinos da Lua’. Spielberg tem dois: ‘West Side Story’ e ‘The Fabelmans’. George Miller, antes de continuar com ‘Furiosa’, viu as estrelas com ‘Three Thousand Years Waiting for You’. Parece que nenhum nome clássico é mais garantia de nada. Nem mesmo John Waters, o realizador de cinema barato por excelência, encontra forma de financiar o seu “Liarmouth”.
Momentos delicados. A indústria passa por momentos delicados. Aqueles que seriam os novos majores do cinema, potências de streaming como a Apple ou a Netflix, estão a encadear fracassos ou a recuar silenciosamente nos passos dos seus ambiciosos planos. A Disney apresentou planos para um 2024 sem (quase) filmes de suas franquias de sucesso. E sim, existem empresas como a Warner, que encadeiam sucessos um após o outro (‘Barbie’, ‘Wonka’, ‘Duna: Parte Dois’, ‘Godzilla e Kong’), mas são todas franquias e sequências. Ou seja, uma péssima notícia para os autores habituais.
Em Xataka | ‘Argylle’ é o enésimo fracasso de bilheteria da Apple. Esta é uma notícia terrível para seu futuro como produtora.