Se você tem uma mesa como a da foto, talvez você seja um daqueles que não costuma organizar seus arquivos em pastas diferentes. Antes, os usuários colocavam ordem no caos graças a esse conceito, mas parece que as novas gerações estão saindo dessa filosofia: eles não precisam das pastas porque precisam Pesquisa do Windows sim Holofote para encontrar tudo.
É pelo menos isso que emerge das falas de diversos professores que estão percebendo que seus alunos muitas vezes não utilizam pastas para organizar tudo. Os navegadores Windows, macOS (e Linux) resolvem a votação.
Arquivo? O que é uma pasta?
Como apontam no The Verge, o mesmo aconteceu com Catherine Garland, uma astrofísica que em 2017 ministrava um curso de engenharia. Depois de pedir aos alunos que fizessem um exercício no computador, vários ligaram para ela perguntando: o programa não encontrava os arquivos de que precisava.
A professora perguntou aos alunos onde eles haviam salvo o arquivo do projeto e a maioria respondeu da mesma forma. “O que você está falando?”. Eles não só não sabiam onde haviam salvo aquele arquivo como também não entenderam a pergunta.
O mesmo foi vivenciado por outros professores que descobriram que os alunos não haviam assimilado o conceito de arquivo ou pasta porque, simplesmente, eles não foram usados como tal. Eles salvaram esses arquivos nas pastas padrão atribuídas pelo aplicativo que estavam usando e não precisaram se preocupar com isso.
Porque? Porque o computador deles já fez isso por eles. Não importa se eles tinham centenas de ícones na área de trabalho ou arquivos de todos os tipos espalhados por pastas confusas e pouco intuitivas, porque o mecanismo de busca do Windows ou macOS cuidava de tudo. Bastava saber o nome do arquivo do Windows Search ou Spotlight do macOS para localizar o documento que desejavam acessar.
Acontece que os motores de busca fazem o trabalho
Para alguém como eu, que tem um regime bastante rígido de arquivos e pastas – tenho certeza de que é o caso de muitos de nossos leitores também – deixar o arquivo com o qual trabalho em qualquer lugar me deixa desconfortável.
É como perder o controle sobre a maneira como você trabalha e deixar tudo no meio. Você pensa na sua casa e em deixar alguma coisa por aí e provavelmente se preocupa em ter que encontrar as chaves ou, quem sabe, as meias.
Mas é claro que em casa não temos um Windows Search ou um Spotlight (no Linux existem muitas alternativas) que dêem conta do recado. E acontece que essas ferramentas funcionam muito bem.: Eu mesmo verifiquei isso nas últimas horas, testando o mecanismo de busca do Windows 11 e inserindo termos de pesquisa que, de fato, resultaram nos arquivos que eu procurava.
Sim, pelo menos se olharmos nas pastas clássicas onde os arquivos geralmente são armazenados na partição do sistema (no Windows, “C:”). Para que a indexação seja completa, é necessário ir em “Configurações -> Privacidade e Segurança -> Pesquisa no Windows” e lá selecionar a opção “Aprimorado” para expandir a pesquisa para todas as unidades e suas pastas.
Esta opção pode afetar a bateria se você usar um laptop, mas se você ativá-la de forma eficaz, esses resultados serão estendidos a todas as partições locais do seu sistema. É ainda possível adicionar locais de rede (como NAS) para tê-los indexados também. No Windows 10 já falamos há muito tempo sobre a chamada ‘Pesquisa Imersiva’, que foi um pouco além na hora de se comportar como o macOS Spotlight, que sempre foi referência nesse tipo de função.
Mudança geracional à vista
É possível que tudo isto seja certamente uma indicação clara de uma mudança geracional na forma como nós, na faixa dos quarenta e poucos anos (e, suponho, na faixa dos trinta), entendíamos os computadores e na forma como as novas gerações os entendem.
Como disse Saavik Ford, professor de astronomia no Borough of Manhattan Community College: “Eu cresci quando era preciso ter um arquivo e guardá-lo: era preciso saber onde ele estava. Não havia função de pesquisa”. Mas entre os estudantes, “não existe essa noção de que existe um lugar onde ficam os arquivos. Eles apenas procuram e lá estão”.
Certamente é o caso dos dispositivos móveis: contamos com aplicativos para cuidar de nossos arquivos, e só recentemente o iOS e o iPadOS adicionaram um explorador de arquivos para usar, que as gerações mais novas provavelmente não usam muito porque, ei, já têm o mecanismo de busca em seu iPhone ou iPad.
Alguns dos professores que tiveram esses problemas ao falar sobre arquivos e pastas começaram a trabalhar nesse sentido: não há problema em usar o buscador, mas no início dos cursos dê algumas noções básicas qual é a estrutura básica de diretórios e o que é um arquivo e uma pasta.
A ideia não é muito intuitiva para muitos alunos, mas tendo em conta que o conceito continua a ser uma parte fundamental dos sistemas operativos que utilizamos todos os dias (embora nos telemóveis, insistimos, este conceito fique em segundo plano), é parece algo importante a ser lembrado pelas novas gerações.
De minha parte, tenho certeza de que (pelo menos por enquanto) continuarei organizando minhas músicas ou minhas fotos pessoais em pastas. O mecanismo de busca funciona muito bem, sim, mas não estou pronto para abandonar velhos hábitos. Argh.
Imagem | Equipe Gouw
Em Xataka | Uma geração eternamente distraída: “Não consigo fazer nada por mais de quinze minutos sem olhar para o celular”
Reescreva o texto para BR e mantenha a HTML tags