O objetivo é claro. No seu compromisso com as energias renováveis, Bruxelas quer duplicar a capacidade de energia solar instalada na UE para atingir 300 GW em 2028. Não está sozinho neste esforço. Na China e nos EUA, entre outros países, também se movimentaram para dar mais peso à energia fotovoltaica e o próprio setor vem inovando há anos para conseguir instalações mais eficientes e ganhar novos espaços.
A questão é que mais painéis solares também significam mais maior exigência de manutenção. E isso, por sua vez, tem as suas próprias consequências, como uma elevada procura de água. Afinal, o método mais comum para limpar placas são jatos de pressão e sprays.
Em 2022, investigadores do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) recolheram os estudos disponíveis, utilizaram a calculadora e concluíram que tanto as centrais fotovoltaicas como as centrais de energia solar térmica concentrada (CSP) consomem mais ou menos a cada ano durante as suas tarefas de limpeza, entre 3,7 e 18,9 milhões de litros de água por 100 MW.
Muita água… e um gasto considerável
Isso se traduz em muita, muita água, quando levado em escala global.
Na altura do estudo, com a capacidade fotovoltaica global superior a 500 gigawatts (GW), traduzia-se num consumo anual em todo o planeta de até 10 mil milhões de galões de água, o equivalente a 37,8 bilhões de litros. Estamos a falar de uma contribuição suficiente para cobrir as necessidades anuais de até dois milhões de pessoas nos países em desenvolvimento.
Os usos alternativos que poderiam ser dados a tal abastecimento – uma abordagem semelhante pode ser feita com outros usos da água, desde lavar ruas até regar jardins – não são, no entanto, os únicos dados que encorajam a reflexão. Sprinklers e lavadoras também custam dinheiro, especialmente em regiões desérticas onde o líquido deve ser transportado. Estima-se que a limpeza com água pode representar até 10% do custo de manutenção de um parque fotovoltaico.
Com estes dados em cima da mesa, a questão é óbvia: existe outras formas limpar os painéis solares? A opção de manutenção relaxante não está em questão. Estima-se que o acúmulo de poeira nas placas e espelhos pode reduzir sua produtividade em cerca de 30% ao mês.
No MIT existe uma equipa convencida de que existe uma alternativa que nos permitiria poupar enormes quantidades de água. Qual? Repulsão eletrostática, método que dispensa líquidos, escovas ou outros mecanismos que possam riscar a delicada superfície dos painéis.
Limpeza #solar Estima-se que atualmente os painéis utilizam cerca de 38 bilhões de litros (10 bilhões de galões) de água por ano – o suficiente para fornecer água potável para até 2 milhões de pessoas
A repulsão eletrostática pode fornecer um método sem água | #sustentável #Água https://t.co/CdBwBDR9Gk
— Prof. Michael Tanchum (@michaeltanchum) 18 de setembro de 2022
O sistema consiste em passar um eletrodo – que vem com uma simples barra de metal – sobre a placa para gerar um campo elétrico que transmite uma carga às partículas de poeira enquanto outro é aplicado através de uma camada condutora muito fina na superfície do painel. O resultado é que fragmentos de sujeira “saltam”são repelidos… e os painéis ficam limpos.
Para que o sistema funcione, a umidade ambiente desempenha um papel fundamental.
“Realizamos experimentos com umidade variável, de 5% a 95%. Contanto que seja superior a 30%você pode remover quase todas as partículas da superfície, mas à medida que diminui fica mais difícil”, diz Sreedath Panat, estudante do MIT que descreveu seu trabalho com o professor de engenharia Kripa Varanasi em artigo publicado em Avanço da Ciência.
A percentagem pode parecer excessiva, especialmente se o sistema for proposto para instalações fotovoltaicas no deserto, onde a água é mais escassa e a limpeza com sprinklers é mais cara, mas a equipa insiste que mesmo na maioria destes ambientes poderia aplicar a sua solução.
“Funciona quando o 30% de umidade e a maioria dos desertos cai nesse regime.” Seria uma questão, explicam, de programar bem as tarefas para aproveitar o orvalho.
Imagem da capa: Mariana Proença (Unsplash)
Em Xataka: Se os painéis solares querem ser enormes, primeiro eles precisam resolver um problema inesperado: poeira
Reescreva o texto para BR e mantenha a HTML tags