Praticamente tudo o que sabemos sobre a evolução da vida na Terra é conhecido graças aos restos fósseis de animais e plantas que a habitaram há dezenas ou centenas de milhões de anos. No entanto, nem todos estes restos fósseis são como os imaginamos.
Faz 3,5 Ga. Um novo estudo analisou restos de origem biológica em rochas com 3,5 bilhões de anos (em outra notação 3,5 Ga). Ou seja, restos de alguns dos primeiros seres vivos da Terra, que a habitaram quando ela tinha apenas 1.000 milhões de anos.
O Cráton Pilbara. O estudo foi realizado em rochas extraídas do cráton Pilbara, localizado na Austrália. Os crátons são formações geológicas especialmente estáveis e, portanto, antigas. E não é à toa: as rochas e montanhas que nos rodeiam costumam ter algumas centenas de milhões de anos, pouco se comparadas aos 4,5 bilhões de anos da Terra.
Graças a isso, estes locais são o local ideal (o único) para estudar a vida na Terra nas suas origens. Vida na Terra no Pré-cambriano.
Alta resolução. É claro que a vida nas eras anteriores ao Cambriano era muito diferente, mais simples e menor do que estamos acostumados a imaginar quando pensamos em fósseis. É por isso que a forma de estudar esses restos fósseis é diferente.
Para estudar esses restos, a equipe usou espectroscopia de ressonância magnética nuclear (RMN) e estrutura fina de absorção de raios X de borda próxima (NEXAFS). A equipe se concentrou em partículas carbonáceas encontradas em rochas compostas por sulfato de bário. Os detalhes de seu trabalho foram publicados em artigo na revista Pesquisa Pré-cambriana.
“Foi muito emocionante poder combinar uma variedade de técnicas de alta resolução, o que nos permitiu obter informações sobre a história de como as partículas orgânicas foram depositadas e [cuál era] origem. Como mostram as nossas descobertas, vestígios originais dos primeiros organismos ainda podem ser encontrados mesmo em materiais extremamente antigos”, observou Lena Weimann, investigadora da Universidade de Göttingen, num comunicado de imprensa.
Vida há 3,5 bilhões de anos. Os restos mortais ajudaram os pesquisadores a compreender melhor a vida nesta época. Segundo os dados compilados, os organismos que deixaram vestígios neste cráton teriam acabado se transformando em depósitos de sedimentos em uma caldeira.
Calderas são estruturas vulcânicas em forma de cratera que se formam após o colapso da abóbada superior da câmara magmática de um vulcão. Nessas caldeiras podem aparecer lagos e nesses lagos, vida. Esses sedimentos poderiam ter sido posteriormente alterados pela atividade hidrotérmica no meio ambiente.
A equipe deduziu da análise dos isótopos de carbono desses restos que a vida desses primeiros organismos também teria sido condicionada pela atividade vulcânica. Eles, portanto, comparam esses microrganismos com aqueles que hoje vivem em ambientes como os gêiseres islandeses ou as nascentes de Yellowstone.
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Imagem | Gerhard Hundertmark/Jan-Peter Duda