A morte de Akira Toriyama nos fez relembrar sua obra mais conhecida, ‘Dragon Ball’, suas melhores sequências e sua tremenda importância para tornar o mundo do mangá e do anime conhecido fora do Japão. Mas Toriyama é muito mais que isso e mostramos nesta seleção de suas criações mais conhecidas além de Piccolo, Freeza e companhia.
Teatro mangá
Três volumes que compilam histórias muitas vezes de poucas páginas, às vezes mais longas, e que Toriyama publicou durante boa parte de sua carreira, entre 1983 (antes de qualquer longa história) e 1997. São três livros esplêndidos para se ter uma ideia do evolução do autor, porque tudo o que o torna grande está aqui: o humor, o mundo muito pessoal, o design dos personagens e veículos, a visão luminosa e honesta do universo… Eu particularmente tenho uma queda pelo primeiro volume e suas histórias humorísticas são bobas (mas já esplendidamente desenhadas), mas são todas essenciais, inclusive o final épico com o minidemônio de ‘Go! Ir! Ackman’
Dr.Slump (1980-1984)
Puro ouro cômico naquele que é talvez o mangá e anime mais conhecido de Toriyama depois de Dragon Ball. As aventuras de Arale Norimaki, um robô que parece uma garotinha, e de seu criador, Senbei Norimaki: o contraste de personagens entre os dois e a gloriosa galeria de personagens secundários que vivem na Vila dos Pinguins fazem o resto. O Super-Homem de ‘Dr. Slump’ é, talvez, minha criatura favorita de todas as criadas por Toriyama. Bem, e a merda rosa presa num palito, claro.
Oficina de mangá (1982-1984)
Aqui a imagem de Toriyama se popularizou como uma espécie de andróide com máscara de gás, uma autoparódia do próprio personagem do autor, pouco inclinado a ser visto em público. Banhado em seu humor característico, este volume é uma verdadeira master class em técnicas e teorias na hora de fazer um bom mangá, das tintas à expressão corporal. Uma obra que pode ser menor, mas que transmite toda a essência da filosofia de Toriyama.
Missão do Dragão (1986-2024)
Sempre se diz que ‘Dragon Ball’ foi a introdução de Toriyama ao Ocidente, mas a verdade é que seus designs já brilhavam nesta franquia que começou no NES, conhecida por um tempo como ‘Dragon Warrior’ fora da Ásia. O estilo de Toriyama é perfeitamente reconhecível (com personagens que são curiosas imitações de alguns personagens secundários de ‘Dragon Ball’), embora claro que a aventura tenha tomado caminhos bem diferentes daqueles de seus sucessos em mangá e anime. Curiosamente, graças a videogames como este e outros que veremos a seguir, o nome de Toriyama não foi associado exclusivamente a ‘Dragon Ball’, mas também a algumas das melhores franquias de RPG em videogames.
Crono Gatilho (1995)
Este clássico do Super NES conta com alguns dos melhores designs já concebidos por Toriyama, que embarcou totalmente em seu aspecto visual e desenhou todas as épocas do jogo. Os monstros são especialmente perceptíveis e apontam para o estilo mais grotesco de Toriyama que nos faz pensar o que teria acontecido com ele se o sucesso de ‘Dragon Ball’ não o tivesse impedido de explorar estilos mais sombrios. Também ajudou a moldar a história, o que significa que o título resultante é mais “isso” do que, digamos, ‘Dragon Quest’.
Tobal (1996)
Quando a Square-Enix decidiu entrar no até então desconhecido mundo dos jogos de luta, pediu a Toriyama designs para continuar a tradição de ‘Chrono Trigger’ e, antes disso, de ‘Dragon Quest’. O resultado não foi muito bem sucedido, embora como sabemos isso não tenha afastado Toriyama do gênero: os jogos de ‘Budokai Tenkaichi’ não são apenas baseados em suas criações para ‘Dragon Ball’, mas muitas vezes ele desenhou personagens exclusivos da franquia .dos jogos.
O que! (1997-1998)
Uma verdadeira maravilha, que se destaca pelas suas linhas sintéticas e simples, mas perfeitamente reconhecíveis. É um dos primeiros trabalhos de Toriyama após terminar ‘Dragon Ball’ e fica claro que ele quer dar uma guinada não só no tom, mas também no visual. Mais uma vez temos uma busca, a de três monstros em busca de um remédio para salvar um amigo, e tudo exala um encanto muito especial, como um conto de fadas com muitas reviravoltas.
Kajika (1998)
Abordamos novamente o estilo ‘Dragon Ball’ depois daquela bem-vinda trégua que veio com ‘Cowa!’, com a qual é uma das obras menos inspiradas de seu autor por ser muito semelhante à sua obra mais conhecida. Acompanharemos as aventuras de um menino que vive sob um encantamento que o transforma em meio humano, meio raposa. Para voltar ao normal, ele deve salvar mil almas e está embarcando em uma jornada ao redor do mundo para conseguir isso.