O mercado de trabalho no Brasil está passando por momentos turbulentos com constantes mudanças de tendências, em uma espécie de disputa de poder entre empregados e empregadores. Da Grande Demissão dos anos de 2022 e 2023, passamos para demissões em massa e retornos aos cargos em 2023 e 2024.
No meio de toda essa batalha trabalhista, há uma tendência crescente entre os jovens da geração Z que estão buscando o primeiro emprego: o Work ghosting. Ou seja, não comparecer a entrevistas de emprego e até mesmo não se apresentar ao escritório no primeiro dia de trabalho depois de ser contratado, sem avisar com antecedência. Um estudo realizado pelo portal de empregos Even revelou que 78% dos candidatos ignoraram um potencial empregador no último ano.
Do ‘fantasma do amor’ ao ‘fantasma do trabalho’. Simplificando, o processo de seleção de emprego pode ser resumido como um ‘match’ entre empregador e empregado. Ambos devem estar interessados no relacionamento. Se um deles perder o interesse durante o processo, surge um ‘fantasma’, assim como acontece nos relacionamentos amorosos, em que desaparecer sem obter resposta está se tornando uma prática cada vez mais comum nas relações de trabalho em todo o mundo.
Os dados falam. A plataforma de emprego Even entrevistou 1.500 empresas e 1.500 candidatos para seu Relatório de “Ghosting” de Contratações de 2023. Os resultados revelados são surpreendentes. 78% dos candidatos afirmam ter ignorado os empregadores deliberadamente no ano passado. 59% deles se arrependem, mas 62% consideram que poderão repetir o comportamento no futuro. 23% acreditam que “informar o empregador” os empodera.
Agravando a situação, 14% desses candidatos conseguiram o emprego, assinaram o contrato e saíram no primeiro dia de trabalho sem avisar previamente, após descobrirem más experiências de ex-funcionários.
Um problema crescente. Os recrutadores acreditam que o ‘work ghosting’ aumentou em relação a 2022. Do ponto de vista dos candidatos, esse sentimento também tem crescido, já que em 2022 era de 39%, enquanto em 2023 foi para 46%. Muitos já pensam que o ‘workplace ghosting’ é mais comum em processos seletivos.
Razões para desaparecer. Segundo os recrutadores, um dos motivos para o desaparecimento repentino dos candidatos é ter recebido uma oferta de emprego mais interessante, com melhor salário, ou simplesmente por perceberem que o emprego não era adequado para eles.
As respostas dos candidatos confirmam que o principal motivo para desaparecer sem aviso prévio é a descoberta de que seus interesses não se alinham com os da empresa. O salário insuficiente é a terceira causa do desaparecimento, enquanto receber outra oferta de emprego é relegado para a quinta posição.
A Geração Z e o ‘Nós ligaremos para você’. Apesar do aumento dessa tendência, a geração Z está apenas reagindo com as mesmas armas a uma prática que os recrutadores já utilizam há algum tempo, com o popular (e devastador) “agora vamos ligar para você”. Muitos consideram essa atitude justa, incluindo 50% dos empregadores, que a veem como parte do jogo. 54% dos recrutadores acreditam que são responsáveis por esse comportamento devido à má comunicação e pouca transparência nos processos seletivos.
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Imagem | Pexels (Jakub Zerdzicki)