Alugar uma casa na Espanha não é tarefa fácil. Não apenas pelos preços e condições, mas também pela simples questão de oferta. Após o boom imobiliário durante a pandemia, com a transferência de apartamentos turísticos para o mercado de locação residencial, o estoque foi se ajustando e atingiu mínimos históricos. Isso é evidenciado no último relatório da UVE Valuations, que revela um fato alarmante: a oferta de apartamentos e casas para alugar despencou quase 30% em quatro anos.
A situação varia de uma região para outra.
Uma queda de quase 30%. A porcentagem é significativa e afeta todos os que buscam um apartamento para alugar. De acordo com o último estudo da UVE Valuations, com dados do portal imobiliário Idealista, a oferta de casas para locação na Espanha diminuiu quase 30% em quatro anos. Mais precisamente, caiu 27,5% desde 2020, atingindo os níveis mais baixos da série histórica. Em abril de 2020, havia 81.980 ofertas para locação, agora existem apenas 59.419.
Distante da pandemia. O valor está muito abaixo da oferta durante a pandemia, quando houve uma intensa transferência de casas turísticas para o mercado de locação residencial. Esse cenário peculiar, decorrente dos confinamentos e restrições da COVID-19, fez com que o estoque de casas disponíveis para locação praticamente dobrasse em poucos meses. Em abril de 2020, havia 81.980 ofertas. Em dezembro, já eram 145.116.
Rumo ao mínimo. A situação é muito diferente agora. Em abril de 2022, o mercado contava com 64.596 ofertas e seu volume se manteve entre 60 mil e 80 mil até agora, quando a avaliadora identifica 59.419, o mínimo da série. Os dados coincidem com um aumento no preço da habitação, que, segundo o portal Idealista, está em torno de 12,7 euros/m² a nível nacional, acima dos 10,5 de dois anos atrás ou dos 10,7 de 2020. Este é o maior registro desde pelo menos 2006.
O mapa é importante. O fato de, em geral, a oferta de casas para alugar ter atingido o mínimo não significa que essa seja a situação em todas as regiões da Espanha. O estudo alerta que há províncias com estoques muito baixos, embora não tenham atingido níveis recordes. Na verdade, os autores alertam que na maioria dos casos não estão no mínimo histórico. Uma das chaves é o peso das províncias de Madrid e Barcelona, onde se concentra 26,54% de toda a oferta de locação. Com Alicante, Málaga e Valência representando 48,75%.
Mudanças nos saldos. O equilíbrio é bem diferente quando se trata de casas à venda. Nesse caso, as ofertas das províncias de Madrid e Barcelona representam apenas 15,08%. Os autores do estudo também analisaram a oferta de locação de algumas cidades e seu peso no mercado imobiliário local. Os resultados produzem conclusões interessantes. Enquanto em Madrid a oferta representa 0,47% do total de habitações; em Barcelona, chega a 0,57%, mostrando que a oferta relativa de aluguel é maior lá.
27 candidatos por unidade. O estudo da UVE Valuations não é o único recente a investigar a evolução da oferta e demanda por locação de imóveis. Ontem, o El Mundo publicou uma análise, também baseada no Idealista, que mostra até que ponto e com que rapidez a pressão para conseguir um apartamento aumentou.
No início do ano passado, em média, havia 17 candidatos interessados por cada anúncio de imóvel para locação, agora esse número é ainda maior, chegando a 27. Nas grandes metrópoles, a competição é ainda mais acirrada. Em Vitória, são 70 candidaturas por oferta, e em Madrid e Barcelona, cerca de 40.
Reflexo nos preços. Essa complicada equação entre estoques limitados, alta demanda e dificuldades de regulamentação do mercado – algo evidente em Barcelona, apesar do novo índice de preços de referência – acaba se refletindo em um indicador decisivo: os preços.
O presidente da UVE Valuations, Germán Pérez Barrio, afirma que a escassez de oferta está impulsionando os preços dos aluguéis. Para evitar isso, ele defende a construção de moradias específicas para aluguéis acessíveis, pelo menos a médio e longo prazo. Em resumo, ele sugere a possibilidade de incentivar os proprietários de casas vazias a disponibilizá-las no mercado.
Imagem | Samuel Ryde (Unsplash)
No Xataka | A louca espiral de preços de habitação resumida em um fato: a mesma casa hoje custa 40.000 euros mais do que em 2014