No início do mês passado, nossos colegas da Vida Extra detectaram um fato interessante no mapa de tráfego global do Steam: a plataforma de distribuição de videogames atividade registrada na Antártica. A descoberta ainda foi curiosa visto que, aparentemente, havia jogadores em uma das regiões mais frias, secas e ventosas do planeta.
O continente abriga instalações científicas em cerca de trinta países, mas as condições climáticas extremas são um obstáculo para um grande número de pessoas viverem lá. A grande questão era se havia realmente alguém jogando a vários graus abaixo de zero. O referido meio conseguiu falar com aquele que se acredita ser o jogador mais meridional do Steam.
Um argentino que se conecta ao Steam da Antártica
Rodrigo Forneron, aluno avançado de Engenharia Eletrônica, mudou temporariamente o clima agradável das montanhas de Córdoba, província localizada no Região Central da Argentina, pela paisagem congelada da Antártida que, paradoxalmente, esconde vários vulcões sob o gelo. Apesar de atuar como técnico científico na Base Belgrano II, o jovem de 24 anos não deixou para trás um de seus hobbies preferidos.
Mas chegar à Antártica não foi fácil. Forneron conta que se inscreveu em uma convocatória do Instituto Antártico Argentino (IAA) e que, após sessões informativas e exames, foi finalmente selecionado para realizar atividades no continente. O próximo passo foi viajar de Ushuaia até nosso destino com o restante da equipe em um navio quebra-gelo da Marinha chamado Almirante Irízar.
O navio, elemento-chave das campanhas de transporte e reabastecimento da Antártida, atravessou o Estreito de Drake, começou a quebrar o gelo e assim iniciou a sua missão. Como técnico científico Na Antártica, este futuro engenheiro eletrônico é responsável por realizar rotinas de manutenção e controle de instrumentos de diversas disciplinas que são desenvolvidas no local.
A Base Belgrano II possui um laboratório e uma estação meteorológica onde são realizados estudos sobre a camada de ozônio, dióxido de carbono e raios ultravioleta. “Há um observatório, sismógrafos e uma especialidade em geodésia, que estuda o movimento das placas continentais”, explica Forneron.
“A manutenção em princípio é verificar se os dados estão corretos, se o instrumento funciona nas faixas adequadas, por exemplo, todos funcionam em temperaturas de -40 graus, aproximadamente, e eles devem permanecer estáveis. Nosso trabalho é justamente tomar as medidas necessárias para evitar que isso aconteça, desmontar e fazer reparos se necessário.”
Rodrigo Forneron e os videogames
Como dizemos, o jovem não abandonou o hobby de jogar videogame. Na verdade, esta atividade tem servido para o entreter nesta fase em que está longe da família e dos amigos, mas rodeado de gelo, colegas de trabalho e instrumentos científicos. “Estou me medindo muito com o tempo, mas dedico duas horas por dia a isso”, confessa Forneron ao Vida Extra sobre jogar na Antártica.
A conexão à Internet no local é bastante limitada e o laboratório tem acesso prioritário, por isso nosso protagonista teve o cuidado de baixar vários jogos em seu computador. Segundo ele, há dias em que a conexão funciona tão bem que ele consegue ver vídeos de YouTubemas outros dias nem é possível enviar mensagens de WhatsApp.
Forneron não é o único que joga videogame, mas acredita que é o único no Steam. Um colega, aliás, pegou um Xbox Series do Steam. E, embora a plataforma se conecte, ela tem evitado jogar online, justamente por limitações de conexão.
Imagens | Governo da Argentina (1, 2) | Rodrigo Fornerón | Vapor
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