Todos os anos, nessa época, garrafas de Coca-Cola com tampa amarela aparecem nos supermercados americanos. Eles diferem dos normais porque contêm açúcar em vez de xarope de milho rico em frutose. É um produto que os Estados Unidos e o Canadá só vendem durante a Páscoa.
O que é a Páscoa Judaica? A Páscoa é um feriado judaico que comemora a libertação dos israelitas do Egito. Dura sete dias em Israel e oito na diáspora, as comunidades judaicas que vivem fora de Israel.
A Páscoa começa na primeira noite de lua cheia após o equinócio da primavera. Este ano, cai entre 22 e 30 de abril.
Alimentos proibidos. Durante a Páscoa, os judeus que seguem a tradição evitam comer ‘chametz’, que é qualquer alimento fermentado com fermento ou feito de trigo, cevada, centeio, aveia ou farinha de espelta.
O milho não é um dos cinco grãos proibidos pelo Judaísmo durante a Páscoa, mas cai na categoria de ‘kitniyot’, pequenos grãos dos quais os judeus Ashkenazi tradicionalmente se abstêm nesta época.
O caso dos Estados Unidos. A maior comunidade da diáspora está nos Estados Unidos, onde vivem 5,8 milhões de judeus. Segundo a tradição, essas pessoas devem eliminar todos os alimentos proibidos de suas casas antes do início do festival.
O problema é que, nos Estados Unidos, a maioria dos refrigerantes é adoçada com xarope de milho. Não só porque é o país que mais produz milho no mundo, mas porque os seus agricultores recebem subsídios importantes que acabam por se refletir no preço da matéria-prima.
É muito mais barato para os fabricantes americanos utilizar milho nos seus produtos do que açúcar de cana ou de beterraba, especialmente se for importado, porque teriam de ser adicionadas tarifas de importação.
A tampa amarela da Coca-Cola. No entanto, nesta altura, fabricantes como a Coca-Cola lançam produtos “kosher” (que cumprem os padrões dietéticos do Judaísmo) para que os judeus possam comprá-los e consumi-los durante a Páscoa.
O exemplo mais conhecido é a Coca-Cola de tampa amarela, que usa açúcar de cana em vez de xarope de milho e começa a ser vendida algumas semanas antes do início da Páscoa judaica.
Como surgiu há 90 anos. A Coca-Cola Kosher apareceu há quase 90 anos em Atlanta, quando o rabino Tuvia Geffen percebeu que seus fiéis estavam tendo dificuldade em se abster da bebida durante a Páscoa.
Por então não se usava jarabe de milho, mas os ingredientes da Coca-Cola podiam incluir cereais entre seus adoçantes, então o rabino convenceu a marca a usar exclusivamente açúcar de cana em troca de uma declaração de que o refrigerante era adequado para a Páscoa.
O certificado kosher. A declaração do rabino de que a Coca-Cola havia sido certificada como kosher foi publicada pela revista TIME em 1935, dizendo aos judeus ortodoxos que eles poderiam consumir a bebida durante a época sagrada se a tampa da garrafa tivesse o símbolo kosher.
Hoje, as garrafas de dois litros de Coca-Cola são identificadas com tampas amarelas que ostentam um símbolo kosher da Páscoa da União Ortodoxa, a agência supervisora. Outros produtos, como as batatas fritas Lay’s, também modificam suas receitas para serem kosher durante a Páscoa.
Coca-Cola Mexicana. Com o tempo, a Coca-Cola kosher tornou-se popular não apenas entre os judeus ortodoxos, mas também entre aqueles que preferem seu sabor mais doce à Coca-Cola com xarope de milho rico em frutose.
Uma alternativa disponível o ano todo é a Coca-Cola mexicana, feita com açúcar e exportada para os Estados Unidos justamente por sua popularidade. Porém, costuma custar bem mais que a tampa amarela da Coca-Cola.
Imagem | Angel Jiménez de Luis
Em Xataka | Em 1985, a Coca-Cola mudou sua fórmula quando a Pepsi estava prestes a derrotá-la. Foi errado